terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

COTOVELOS, JOELHOS E AFINS...





            Tem gente que sabe muito bem como a nossa própria mente é capaz de nos desestabilizar.


            Não tente fazer esse “truque”, mas se você mentalizar algo autodestrutivo pode conseguir causar em si mesmo uma claustrofobia súbita durante uma média ou longa viagem de ônibus, trem ou avião.


            Mas como manter a mente sempre tranquila, se ela não é fixa nem constante? Precisamos estar em paz para que pensamentos equivocados não nos destruam.  


            Bom mesmo é quando estamos tão confiantes e conscientes a ponto de simplesmente não darmos chances a nossas mentes de nos sabotarem.


            Nem sempre estamos calmos e confiantes, mas geralmente uma respiração longa e pausada consegue aliviar nossa tensão.


            Em certas situações, porém, não há mente limpa, consciência tranquila ou confiança que resista. Em casos assim temos de apelar para a tecnologia de ponta.


            Por exemplo... Em geral, as mães dizem aos filhos: “Não coloque o cotovelo na mesa quando estiver comendo, porque é falta de educação”. Pois é... Mas poderiam também dizer: “Não coloque o cotovelo no braço da poltrona quando estiver no ônibus, trem ou avião, pois isto pode incomodar quem estiver sentado a seu lado...”. Simples assim... Mas elas não dizem isto...


            Vejam o caso do meu amigo Pardal... Após um dia cansativo ele entrou no ônibus disposto a descansar. Era uma viagem demorada em um daqueles ônibus confortáveis, com ar condicionado, poltrona reclinável, mas com um ínfimo braço para separar as poltronas.


            Estava ele começando a relaxar quando o cotovelo de seu vizinho de poltrona, um indivíduo com o qual ele não tinha a menor relação fraterna, afetiva, comercial ou corriqueira, veio se aproximando até acertar seu braço. O dono do cotovelo deve ser daqueles que pensam: “Cheguei primeiro, tenho direito de colocar meu braço aqui...”


            Em casos assim não adianta tentar argumentar, pois só a tecnologia pode nos salvar.


            Pardal então pediu licença. O cara ao lado olhou com cara de raivinha, mas tirou seu cotovelo pelo instante suficiente para que Pardal colocasse seu invento no braço da poltrona. Era um pequeno apetrecho do tamanho de uma caneta. Ao ser acionado, ele se desdobrou e abriu um arco que ia da parte de trás do banco até o chão, separando de uma vez por todas as duas poltronas. “Finalmente paz”, pensou Pardal... O indivíduo ficou do outro lado bradando aos sete ventos toda a sua carência afetiva: “Quero contato... Quero interagir... Não me deixem só...”.


            Acontece que em geral o incômodo não vem de um lugar apenas... Na poltrona de trás vez por outra senta alguém que acha que seu joelhinho é a coisa mais fofa, macia e delicada da face da Terra. E eis então que dois joelhos nada meigos vêm pressionar o banco e forçar diretamente suas costas...


            Quem poderá nos salvar? O Chapolim Colorado? Nãããããão... O bom senso? Nãããããão... E bom senso por acaso existe ou seria apenas mais uma lenda urbana? A tecnologia? Siiiiiim... Pelo menos no caso do brilhante Pardal. Ele então pegou mais um de seus inventos e colocou sobre o encosto da sua própria poltrona. Do invento saiu um pêndulo que com movimentos constantes e uma bola de chumbo na ponta ia e vinha justamente atrás da poltrona ocupada por Pardal. Quando aquela bola de chumbo acertava um joelho desavisado era um terror... Haja dor...


            Na verdade, a versão original do invento trazia uma ponta cortante pendurada ao pêndulo. Mas era algo meio cruel.


            Faltava ainda, porém, pelo menos mais um invento... Aquele que nos livraria dos que querem fazer de meios de transporte coletivos a continuidade de seus escritórios e saem a contar lamúrias, vender produtos e serviços ou explicar processos jurídicos pelo telefone celular. Felizmente em aviões, pelo menos em voos domésticos, isto não é problema, mas em ônibus beira o insuportável... Mas o que funcionaria melhor nesse caso? Bloquear o sinal? Explodir o celular após 2 minutos de uso? Mas enquanto nada disso foi ainda inventado, resta-nos ao menos o fone de ouvido para combater a poluição sonora... Ufa!


...

           

6 comentários:

  1. Grande Herbert, só mesmo um Prof. Pardal como personal assessor para todos nós no dia-a-dia... Ontem estava num bus completamente lotado, o cidadão ao lado resolveu deixar o pézinho de lado, para descansar a perna,,, justamente na direção da minha calça clara, quando ia reclamar ele mudou de posição,,, sorte dele... rssrsr abraços e que venha esse esperado livro!!! José Benício

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    1. Grande Benício.

      O dia-a-dia não é nada fácil. E não adianta apelar pelo tal de "bom senso", pois com certeza tanto o cara que ia sujar sua calça clara quanto o que berra suas lamúrias pelo celular, quando todos querem um mínimo de paz, acham que possuem todo o bom senso necessário.

      Vamos que vamos...

      "Simples Mente Urbana" já está quase saindo do forno...


      Abraços, Herbert

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  2. Viva a tecnologia. E só para constar, muito inteligente o título. Abraço

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    1. Grande Fabiano. Seja benvindo...

      Só a tecnologia poderá nos salvar... Ou não...


      Abraços, Herbert

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  3. É triste Herbert, mas a falta de educação impera de uma maneira geral e como você bem disse, bom senso é lenda urbana.

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    1. Oi Tela,
      Bom senso infelizmente não passa de uma lenda urbana. Difícil termos nossos limites respeitados, pelo menos no Terceiro Mundo...

      Bjs, Herbert

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